A Academia Brasileira de Letras (ABL) acaba de adicionar mais de mil novos vocábulos ao dicionário da língua portuguêsa. Isso inclui um que chama muita atenção por estar diretamente relacionado à “epidemia” de informação que vivemos atualmente: a chamada infodemia.
Segundo a própria Organização Mundial da Saúde (OMS), a infodemia se caracteriza por um aumento excessivo no volume de informações relacionadas a um determinado assunto. Essas notícias (falsas e verdadeiras) acabam tornando difícil a simples tarefa de se informar e encontrar fontes e orientações confiáveis quando se precisa.
O que é infodemia?
Embora o termo tenha sido adicionado recentemente ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), o fenômeno da infodemia não surgiu exatamente por conta da pandemia do coronavírus SARS-CoV-2, mas ganhou nome próprio durante a crise sanitária. A palavra faz referência ao excesso de notícias compartilhadas, algumas verdadeiras e outras não.
Em momentos específicos, como durante a pandemia atual, a multiplicação exponencial dessas notícias acaba levando ao surgimento de rumores falsos e desinformação. Na era da informação, esse fenômeno ganha ainda mais força por conta das redes e mídias sociais, e costuma se alastrar de forma rápida, como se fosse um vírus.
De acordo com uma cartilha publicada recentemente pela OMS e pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a quantidade de informações relacionadas à covid-19 em apenas 30 dias é gigantesca:
361 milhões de vídeos são carregados no YouTube contendo a classificação “COVID-19” ou “COVID 19”
500 milhões de tweets contêm os termos coronavírus, corona vírus, covid-19, covid19, covid_19 ou pandemic (pandemia)
O documento também afirma que mais de 19 mil artigos foram publicados na plataforma acadêmica da Google, o Google Scholar, desde que a pandemia teve início. Portanto, o momento que vivemos define muito bem o que caracteriza uma infodemia, que traz como consequência grave a desinformação.
Junto com o termo infodemia, outros vocábulos relacionados à doença foram adicionados ao vocabulário oficial, como o próprio nome da doença, covid-19, e telemedicina. Também há alguns estrangeirismos, como lockdown (confinamento) e home office (trabalhar de casa).
Como a infodemia contribui para a desinformação?
A desinformação é caracterizada por uma informação falsa ou imprecisa. A intenção de quem produz ou compartilha esse tipo de notícia pode até não ser enganar, mas esse acaba sendo o resultado inevitável.
No contexto da pandemia atual, a desinformação pode impactar profundamente diversos aspectos da vida, incluindo a saúde física e emocional das pessoas. A busca por notícias sobre a covid-19 aumentou cerca de 70% nos últimos meses, o que amplia ainda mais esse problema.
A infodemia facilita o surgimento de muitas notícias falsas e enganosas. Grande parte delas se baseia em teorias conspiratórias, enquanto outras adicionam elementos para favorecer um tipo de discurso.
Muitas informações falsas que circularam nos últimos meses se relacionaram à covid-19: como o vírus teve origem, tipos de tratamento e qual é o mecanismo de transmissão foram apenas alguns aspectos tratados pelas notícias mentirosas ou imprecisas que colocaram em risco a vida das pessoas.
Como combater a infodemia?
Como a desinformação se baseia em notícias falsas, evitá-las é um dos métodos mais eficientes para enfrentarmos a infodemia. Além disso, denunciar os rumores prejudiciais nas redes sociais é uma outra forma de ajudar a frear a disseminação desse conteúdo.
Se você se deparar com uma notícia duvidosa, verifique se aquela informação faz sentido (mesmo que venha de uma fonte considerada segura). Confirme também se a nota já foi compartilhada anteriormente ou por outras pessoas. Caso você não tenha como averiguar a precisão de uma notícia, o melhor mesmo é não compartilhar.
Fonte: Tecnomundo
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