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Festa de São Lázaro, na Federação, celebra mescla de culturas e acena ao sentimento de esperança

A festa terá início ainda no sábado, às 11h

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No próximo dia 26 de janeiro, último domingo do mês, a Igreja Santuário de São Lázaro e São Roque, na Federação, será palco da festa do seu principal padroeiro. Com um forte aceno ao sentimento de esperança, a Festa de São Lázaro movimenta as ruas do bairro, com missas e a tradicional procissão ecumênica, unindo católicos e adeptos do candomblé, baianos e turistas na celebração ao santo que, sincretizado com aspectos das religiões afro-brasileiras, é comparado a Omolu/Obaluaê, o orixá da medicina que cuida dos doentes crônicos.

A festa terá início ainda no sábado, às 11h, com a lavagem das escadarias do santuário. No domingo, às 6h, ocorre a alvorada de fogos, seguida de três missas – às 7h, às 9h e às 11h -, sendo que a de 9h é de cunho ecumênico. Às 13h, acontece também a oração do Terço da Misericórdia. A missa solene está marcada para às 15h, seguida, a partir das 16h, da tradicional procissão pelas ruas do bairro. A festa será encerrada após a Bênção do Santíssimo Sacramento, com início às 18h.

Venerado como santo dos enfermos, desamparados e dos animais doentes, São Lázaro faz menção ao mendigo rejeitado descrito em uma parábola de Jesus Cristo no evangelho de Lucas, que vivia às portas das casas dos mais abastados, como uma alusão ao abandono dos desamparados. Além disso, é um recado de que, na morte, todos se igualam, pois não há mais espaços para ricos ou pobres, visto que todos terminam no mesmo lugar. Para a celebração deste ano, foi escolhido o tema “Santuário de São Lázaro: lugar de esperança”.

 

Esperança – Missionário Redentorista e responsável pelo santuário, o padre Casimiro Malolepszy lembra que a história deste lugar é uma narrativa de esperança para muita gente. “Aqui chegavam os navios que traziam os escravos da África, e neste local acontecia a primeira triagem. Os doentes ficavam por aqui mesmo. Então, este lugar é marcado pela presença de um leprosário, um hospital, lugar de recuperação”, disse.

“E a igreja sempre estava presente. Era lugar realmente de esperança, mesmo naquela situação desastrosa da escravidão, ainda assim os sobreviventes da viagem tinham esperança de que poderiam ter uma vida digna. Portanto, desde o início, o lugar é marcado pela fé e pela confiança depositados no padroeiro e, por meio do padroeiro, no próprio Cristo”, completou o missionário.

Segundo Malolepszy, sendo um lugar de esperança, o Santuário de São Lázaro adquiriu também outra dimensão. “Ao longo dos séculos, milhares de pessoas passaram por aqui. Este lugar não fica na passagem, para vir aqui é preciso querer chegar realmente neste destino, e a gente pode ver quantos vêm para agradecer pelas graças alcançadas, quantos depositaram sua esperança no bom Deus e no padroeiro. Por isso mesmo, hoje voltam para agradecer”, disse.

“Mas, esse lugar sagrado também nos deixa outra mensagem: aqui encontram-se duas culturas. Do ponto de vista da fé, está a tradição cristã católica de um lado. Do outro lado, as religiões de matrizes africanas. É muito emocionante e também muito edificante ver como as pessoas podem realmente se sentir irmãos. No mesmo banco, sentam-se ricos e pobres, na mesma celebração, encontram-se pessoas de diversas camadas sociais e de diversas raças. Este é um lugar de encontro de pessoas, onde não há conflito”, destacou o religioso.