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Um ano de Rogério Ceni no Bahia: o que mudou?

De um rebaixamento iminente à postulante por vaga direta na Libertadores

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Há exatamente um ano atrás, no dia 9 de setembro de 2023, o torcedor azul, vermelho e branco comemorava a chegada de um novo técnico para tentar salvar o Bahia do iminente rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro. O escolhido? Rogério Ceni.O ex-goleiro foi contratado para assumir o cargo, que antes era ocupado por Renato Paiva, treinador que deixou o clube no dia 6 de setembro do ano passado. O português, que não contava com o apelo da torcida tricolor, resolveu pedir demissão depois que uma imagem associando-o a um burro viralizou nas redes sociais após o empate por 1 x 1 contra o Vasco, no dia 3 de setembro.

Um ano depois, nem o torcedor mais empolgado poderia imaginar o roteiro escrito por Ceni no comando do clube. Em apenas 12 meses à frente do cargo, o Tricolor de Aço saiu de uma disputa para evitar o quinto descenso em sua história, diretamente para a possibilidade de conquistar uma vaga na Libertadores, competição que o Bahia não frequenta desde 1989.

Além da disputa pela vaga na competição continental de 2025 via Campeonato Brasileiro, Ceni pode gravar seu nome na história do clube caso supere o Flamengo nas quartas de final da Copa do Brasil de 2024, levando o clube a sua primeira semifinal na história do torneio. O duelo decisivo será realizado nesta quinta-feira, 12, às 21h45, no Maracanã.

 

Chegada ao Bahia e permanência

O treinador chegou ao Tricolor de Aço assumindo um papel de ‘bombeiro’. Naquele momento, o clube ocupava a 16ª posição do Brasileirão 2023, apenas um ponto a frente da primeira equipe dentro da zona de rebaixamento, com cinco vitórias em 22 partidas disputadas, somando míseros 22 pontos na tabela de classificação.

Logo em sua chegada, Ceni deixou claro seu objetivo: livrar a equipe do rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Durante sua apresentação, o novo comandante tricolor ainda previu o que poderia estar por vir no futuro do Esquadrão.

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| Foto: Felipe Oliveira / E.C Bahia
“Se o Bahia conseguir suportar a pressão dos últimos três meses deste ano, em dois anos, eu afirmo, pelo profissionalismo que conheço da empresa e pela capacidade de mobilização da torcida, que o Bahia estará entre os dez principais clubes do Brasil”, afirmou o treinador em sua coletiva de apresentação, no dia 11 de setembro de 2023.Com o objetivo traçado, cinco dias após sua apresentação oficial no clube, Ceni enfrentou sua primeira missão no comando do Esquadrão. No dia 14 de setembro de 2024, no Couto Pereira, o Bahia derrotou o Coritiba por 4 a 2, vencendo o primeiro dos 15 confrontos restantes para escapar da segunda divisão.

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| Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia
Apesar dos tropeços no decorrer do caminho, ao final da 38ª rodada do Brasileirão de 2023, Ceni conseguiu livrar o Tricolor de Aço do rebaixamento após golear o Atlético-MG por 4 a 1, na Arena Fonte Nova. É bem verdade que para isso, precisou contar com a ajudinha do Fortaleza, que derrotou o Santos por 2 a 1, salvando o Bahia e mandando o Peixe para a Série B pela primeira vez na história. Ao todo, foram sete triunfos, um empate e oito derrotas.

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| Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia

 

Reforços e implementação do estilo de jogo

Após conquistar o objetivo de evitar o descenso, Ceni finalmente teria tempo para implementar seu estilo de jogo com uma pré-temporada inteira pela frente. Aliado ao tempo para aperfeiçoar o futebol mais ofensivo, o Bahia não perdeu tempo e foi ao mercado de transferências de maneira ativa, trazendo nomes de peso para seu elenco. Os três primeiros contratados mostraram que o tricolor não estava para brincadeira e queria mudar de patamar em 2024.

Com as chegadas de Jean Lucas, Caio Alexandre, e principalmente Éverton Ribeiro, Rogério Ceni agora possuía um dos principais setores de meio-campo do futebol brasileiro. Além dos novos contratados, a manutenção de Cauly permitiu que o treinador escalasse entre os titulares o quarteto que chamou atenção de todo o país nos primeiros meses do ano. Estava iniciada uma nova fase: o Bahia agora era um time propositivo.

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| Foto: Divulgação / EC Bahia
Na estreia da equipe titular, com Ceni à beira do campo, um 5 a 0 sobre o Jacobina para animar a torcida tricolor. Os estreantes Jean Lucas e Éverton Ribeiro deixaram suas marcas ao contribuírem com um gol cada para o resultado do jogo. Nas partidas seguintes, o Bahia seguiu praticando um bom futebol, aliando desempenho e resultado, atraindo os holofotes do futebol brasileiro, até o duelo contra o River-PI, que expôs fraquezas na equipe comandada por Ceni, marcando a primeira derrota da equipe titular no ano.

 

Quebra de expectativa

Apenas oito dias depois da inesperada derrota para o River-PI, Ceni tinha pela frente o primeiro Ba-Vi do ano, no dia 18 de fevereiro. Jogando em um Barradão lotado, com torcida única do rival, o Bahia sofreu o segundo revés na temporada. O jogo terminou 3 a 2 para o Vitória, em partida que contou com duas viradas e duas expulsões do lado tricolor.

Muito criticado pela torcida por conta das decisões tomadas no confronto, após o apito final Ceni declarou: “É uma pena perder, é um clássico, mesmo na casa do adversário. […] As derrotas machucam. Deveriam incomodar muito os envolvidos. […] Hoje não fomos tão competitivos como sempre fomos. Perdemos o controle do jogo, e eles foram superiores”.

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| Foto: Letícia Martins / EC Bahia
Após a derrota no clássico, o clima, que era de festa, passou a ser de cobrança. O revés não foi bem recebido pela torcida tricolor, e até o segundo Ba-Vi do ano, disputado um mês depois do primeiro, as críticas pairavam no CT Evaristo de Macedo, mesmo que a equipe de Ceni tenha ficado invicta durante o período entre um clássico e outro.Depois de oito jogos, sete vitórias, um empate e duas classificações na Copa do Brasil, finalmente havia chegado o momento do troco. Desta vez na Arena Fonte Nova, em duelo válido pela Copa do Nordeste, no dia 20 de março, o Tricolor de Aço venceu o Vitória por 2 a 1 de virada, para alegria dos mais de 45 mil tricolores presentes no estádio naquela noite de quarta-feira.

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| Foto: Tiago Caldas /EC Bahia
A partir deste jogo, começava uma verdadeira maratona de clássicos. Isso porque onze dias após o triunfo tricolor, ambas as equipes disputavam a final do Campeonato Baiano, e o desfecho… todos já sabem. No primeiro duelo da decisão do Baianão, um jogo que entrou para história, de forma negativa para o Bahia: vencendo por 2 a 0 até metade do segundo tempo, a equipe comandada por Rogério Ceni ‘assistiu’ o rival reagir e virar o jogo para 3 a 2. O título seria decidido na Fonte Nova, diante da torcida tricolor. 

Apesar da grande festa azul, vermelha e branca, com um jogador expulso ainda no primeiro tempo, o Esquadrão não conseguiu impor seu jogo sobre o Vitória e a partida terminou 1 a 1, dando o título para o rival, que não sagrava-se campeão estadual desde 2017.

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| Foto: Victor Ferreira / EC Vitória
Início do Brasileirão, fim da terra arrasada e o sonho da LibertadoresApós a perda do título baiano, o Bahia não teve nem tempo para lamentar. Isso porque apenas seis dias depois, estreava na elite do futebol brasileiro contra o Internacional, no Beira-Rio. Apesar de sair na frente no placar, a equipe comandada por Rogério Ceni, mais uma vez, viu sua vantagem cair por terra em questão de minutos. Estreia com derrota no Brasileirão, mas o torcedor tricolor mal sabia que aquela seria a única derrota do time nos dois meses seguintes.

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| Foto: Ricardo Duarte / Internacional
O revés na estreia do Brasileirão levantava ainda mais dúvidas acerca da equipe comandada por Rogério Ceni, entretanto, as partidas seguintes mostrariam ao torcedor que era possível sonhar. Isso porque o Tricolor de Aço acumularia uma invencibilidade de 11 jogos, envolvendo partidas da Série A, Copa do Brasil e Copa do Nordeste. É bem verdade que no Nordestão o clube acabou eliminado, mas a derrota veio nos pênaltis, após 0 a 0 no tempo regulamentar.Apesar da frustrante eliminação na semifinal da Copa do Nordeste, a invencibilidade rendeu ao Esquadrão a classificação às oitavas de final da Copa do Brasil e a 3ª posição do Campeonato Brasileiro. A essa altura, a torcida nutria cada dia mais o sonho de uma possível classificação à Copa Libertadores da América.

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| Foto: Letícia Martins/EC Bahia
A sequência sem perder teve um ponto final no dia 20 de junho, quando o Bahia foi derrotado pelo Flamengo no último lance do jogo, em pleno Maracanã. A partir dessa derrota, a equipe começou a oscilar com mais frequência, passando inclusive por seu pior momento no ano, chegando a ficar seis jogos sem vencer.Durante esse período de oscilação na temporada, o técnico Rogério Ceni chegou a afirmar, após sofrer o empate nos minutos finais da partida contra o Internacional, na Arena Fonte Nova, que tinha como objetivo levar o Bahia à Libertadores.

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| Foto: Raphael Muller / Ag. A TARDE
“Eu tenho um compromisso, falo com eles todos os dias. Eu quero, ano que vem, estar na Copa Libertadores. É um objetivo particular meu”, garantiu o comandante tricolor.Mesmo em má fase, o Esquadrão sempre se manteve na parte de cima da tabela da Série A, e alcançou a classificação às quartas de final da Copa do Brasil contra o Botafogo, time a ser batido no futebol brasileiro em 2024. Lucho Rodríguez, contratação mais cara da história do clube, marcou o gol do triunfo no final do jogo. Chegava ao fim a maré negativa do lado tricolor?

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| Foto: Letícia Martins/EC Bahia
Após a classificação na principal competição mata-mata do futebol nacional, o Tricolor de Aço tinha pela frente o último Ba-Vi do ano, válido pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro. Para a torcida tricolor, apenas o triunfo importava. A vitória por 2 a 0 sobre o maior rival marcou o reencontro da equipe comandada por Rogério Ceni com os três pontos, depois de ficar cinco jogos sem vencer no certame.

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| Foto: Letícia Martins/EC Bahia
Atualmente o Bahia de Ceni ocupa a 7ª posição da Série A, com 39 pontos conquistados, e está nas quartas de final da Copa do Brasil, com o duelo em aberto, mesmo após a derrota no primeiro jogo do confronto, no dia 28 de agosto.Contratado há exatamente um ano, Ceni chegou ao Esquadrão em meio à ameaça de rebaixamento, e a pergunta que fica é: ainda há margem para novas mudanças, torcedor?

Rogério Ceni está no cargo há um ano
Rogério Ceni está no cargo há um ano | Foto: Divulgação / EC Bahia

 

Fonte: A Tarde

Foto: Divulgação / EC Bahia