domingo | 22.12 | 7:19 PM

1ª bebeteca antirracista do Brasil é inaugurado para promover equidade desde a primeira infância

O espaço visa promover condições de equidade e a valorização das culturas africana, indígena e afro-brasileira

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Visando aproximar bebês e crianças na primeira infância do universo da leitura, aliado ao combate à discriminação racial, a Prefeitura de Salvador inaugurou nesta terça-feira (17) a Bebeteca Antirracista Curumim. A estrutura foi entregue pelo prefeito Bruno Reis e pelo secretário municipal da Educação (Smed), Thiago Dantas, na Creche e Pré-Escola Primeiro Passo Periperi, no Subúrbio Ferroviário da capital baiana.

Essa é a primeira bebeteca antirracista do Brasil, uma ação inédita realizada pela Prefeitura. Trata-se de um projeto-piloto, e a ideia é que outros espaços similares sejam inaugurados em unidades de ensino municipais. A estrutura vai beneficiar diretamente 180 crianças que estão matriculadas na creche e pré-escola, mas também estará aberta para o uso de toda a comunidade do entorno.

A iniciativa pretende aproximar crianças do universo da leitura, tendo como premissa o combate ao racismo e à discriminação racial a partir de suas singularidades e potencialidades. O espaço visa promover, acima de tudo, condições de equidade e a valorização das culturas africana, indígena e afro-brasileira, especialmente na fase inicial de contato das crianças com a linguagem escrita.

“Nesse espaço, as crianças terão um primeiro contato e começarão a entender, a valorizar as suas origens, a sua história, toda a sua potência, toda a sua força, para que tenham orgulho. E aí, desde cedo, a gente está fazendo nas escolas o combate ao racismo estrutural, que é um objetivo do nosso trabalho. A primeira infância é uma das fases mais importantes da vida do ser humano. É quando a gente começa a formar os nossos princípios, os nossos valores. Sem sombra de dúvidas, vamos ampliar esse trabalho na nossa rede de ensino”, disse Bruno Reis

Na implementação do espaço, foi feita uma curadoria artística e literária para que todos os elementos presentes representassem as diversas infâncias. O mobiliário, inclusive, é da altura das crianças e pode ser arrastado por elas para ser um espaço desconstrutivo. Mais de 300 livros foram doados pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), sendo a maioria escrita por autores negros. A bebeteca traz uma decoração lúdica, com elementos de musicalidade, como atabaques, pandeiros, berimbaus, cocares, entre outros.

 

Proposta – Titular da Smed, Thiago Dantas destacou o ineditismo da ação no Brasil. “É um projeto pioneiro na rede, que dialoga com toda a proposta da Prefeitura de promover a educação antirracista. E aqui as crianças, não apenas da escola, mas de todas as escolas do entorno e da comunidade, terão acesso a um espaço estruturado, justamente para valorizar todas as questões que dizem respeito às relações étnico-raciais, e tudo isso contribuindo para um processo de educação integrado, integral e pleno”, afirmou.

Thiago Dantas garantiu que a iniciativa vai se espalhar pela rede municipal de ensino. “A gente precisava começar por alguma unidade, e esse espaço aqui foi selecionado porque tinha as condições adequadas para receber esse equipamento, mas é uma proposta que tem grande potencialidade de se tornar uma ação de toda a rede, em especial no segmento da primeira infância. É algo crucial para, desde cedo, fortalecer as questões de identidade, fortalecer essa ideia a respeito da necessidade de se respeitar e de se valorizar as questões de letramento racial”, completou o secretário.

Para viabilizar a Curumim, além do projeto arquitetônico e a construção do espaço, foram realizadas ações de formação dos profissionais da creche, de curadoria e escolha do acervo, doação de móveis e de bonecas pretas, envolvimento da comunidade na escolha do nome da bebeteca e compras de instrumentos musicais, tecidos com temas afro-brasileiros e indígenas.

A Bebeteca Antirracista Curumim tem como objetivos: promover situações de leitura para crianças que se encontram na fase incipiente de contato com a linguagem escrita e que ainda não fazem uso autônomo dessa linguagem; estruturar um espaço apropriado para que crianças bem pequenas possam explorar com segurança e autonomia vivências literárias diversas; organizar um espaço acolhedor ambientado com elementos em que as crianças possam interagir com a cultura africana, indígena, afrobrasileira.

Além disso, a iniciativa visa envolver a comunidade escolar nas ações da biblioteca possibilitando a exploração do espaço e o contato com as questões étnico raciais; abrir espaço de leitura antirracista para a comunidade municipal e comunitária do entorno da creche; reconhecer nas falas e comportamentos das crianças no cotidiano da creche atitudes antirracistas e de valorização identitária; colaborar com a construção de caminhos de reflexão antirracistas dentro do âmbito institucional.