sexta-feira | 18.10 | 5:27 AM

Privação do sono: 72% dos novos pais sofrem com o problema; veja os riscos

Segundo pesquisa feita pela plataforma Meu Nascimento, principal dificuldade é com o sono da noite, que prejudica também o descanso dos pais

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“Meu filho não dorme direito”. Essa é uma reclamação frequente entre os pais de crianças pequenas — principalmente as menores de 1 ano. Com isso, os responsáveis e cuidadores, também acabam não conseguindo descansar. Um levantamento feito pela plataforma brasileira Meu Nascimento aponta que, para 72% dos pais, a maior dificuldade enfrentada após a chegada de seu bebê é a privação de sono, justamente pelo fato de a criança não dormir bem ou acordar frequentemente durante a madrugada.

 

A pesquisa foi feita com 7.078 pessoas, por meio da própria plataforma. Os dados apontam que 67,4% das famílias têm alguma dificuldade com o sono dos bebês. Segundo o levantamento, essa dificuldade ocorre principalmente com o sono noturno (57,5%), seguido das sonecas (28,6%) e de como deve ser a rotina de sono, de maneira geral (13,9%). Como os filhos não dormem a noite inteira, os pais acabam não conseguindo dormir também.

— Quanto mais e melhor o bebê dorme, dentro de suas necessidades, melhor fica o sono de modo geral. Quando a criança passa por privação de sono, principalmente de forma crônica, dormindo menos do que deveria durante muito tempo, ela eleva hormônios como o cortisol, que impedem o bom funcionamento da melatonina e do ciclo circadiano — explica a médica Ana Jannuzzi, pós-graduada em pediatria e sono infantil e idealizadora da plataforma Meu Nascimento.

O tempo de duração do sono de uma criança varia de acordo com a sua idade. Segundo a Fundação Nacional do Sono dos Estados Unidos (National Sleep Foundation), bebês recém-nascidos de até 3 meses devem dormir de 14 a 17 horas por dia (entre sono noturno e sonecas, tendo que acordar a cada três horas para mamar, inclusive de madrugada, por conta do risco de hipoglicemia nas primeiras semanas), sendo que no primeiro mês pode chegar a até 19 horas diárias. Dos 4 aos 11 meses, o descanso deve ser de 12 a 15 horas por dia, e de 11 a 14 horas diárias na primeira infância (1 – 2 anos).

 

Segundo Jannuzzi, o sono dos bebês se modifica conforme ele cresce e se desenvolve. No início da vida, fase de maior desenvolvimento cerebral, ele tem cerca de 70% de sono REM (ou sono ativo). Este índice diminui constantemente até chegar a cerca de 30% no adulto.

— O sono ativo é justamente onde as memórias são consolidadas e também as conexões são formadas. Se você vê uma caneca azul e depois descobre uma bola vermelha, com as conexões formadas entre as memórias poderá, em algum momento, abstrair que existe uma caneca vermelha e uma bola azul. Essas conexões entre conhecimentos são fundamentais para a vida — explica a médica.

 

Quando meu filho vai passar a dormir a noite toda?

Essa é uma das perguntas mais feitas pelos pais, principalmente os de primeira viagem. Mas, não há uma resposta para esse questionamento.

— Não há um momento a partir do qual a criança deveria estar dormindo a noite toda. Isso varia muito. Algumas começam a dormir a noite toda com apenas 3 meses, por exemplo. Outras não vão seguir esse padrão, e vão continuar despertando uma ou duas vezes na noite até 1 ano de vida. Um estudo de revisão mostra que a média de despertares entre 1 e 2 anos de vida não é zero, é um. Então, a criança pode seguir despertando uma vez à noite entre 1 e 2 anos de vida.

 

A médica explica que, conforme a criança começa a se alimentar bem após a introdução alimentar, ter uma organização melhor das sonecas ao longo do dia e gastar bastante energia, o sono da noite é prolongado.

 

Como criar uma boa rotina de sono

Segundo Jannuzzi, não existe uma rotina fixa e rígida que sirva para todas as crianças. É preciso observar seu bebê e ver o que funciona para ele.

—Algumas crianças vão adorar receber uma massagem no final da noite, enquanto outras vão preferir apenas que a gente deixe o ambiente mais escurinho. Alguns bebês adoram tomar banho de noite e relaxam no banho. Outros choram muito e, nesses casos, o recomendado é dar o banho um pouco mais cedo. Um banho seguro no colo ou no balde pode ajudar a criança a relaxar.

A médica, no entanto, garante que uma estratégia funciona para todos: seguir o ciclo circadiano — ritmo em que o organismo realiza suas funções se baseando se é dia ou noite.

— Veja como está o tempo lá fora e tenta replicar dentro da sua casa. Se i sol já está se pondo, não é o ideal que dentro de casa estejamos em um ambiente cheio de iluminação, de barulho e de estímulo, tal como se fosse um shopping. O ideal é que a gente se aproxime da redução dos estímulos e de um ambiente mais tranquilo dentro de casa — recomenda.

 

Veja como deixar o ambiente mais tranquilo para facilitar o sono do seu bebê

  • Baixar a luz dos cômodos, ficando numa penumbra;
  • Desligar ou não usar aparelhos eletrônicos — inclusive os celulares;
  • Privilegiar brincadeiras mais tranquilas, em detrimento daquelas com mais barulhos;
  • Ter momentos de comunicação e relaxamento em família;
  • Contar uma história, que não seja muito eletrizante, mas que ajude a criança a relaxar e criar boas memórias.

 

Fonte: G1