A chegada do Carnaval é época de preparativos para a folia, ajustes nas fantasias e abadás, mas também de preocupação com a saúde e limites do próprio corpo. O consumo de alimentos nos circuitos das festas de rua, de bebida alcoólica e as altas temperaturas típicas do verão são um cenário que exige cuidados.
A nutricionista clínica funcional e especialista em saúde da mulher, Carolina Dias, orienta os foliões quanto ao consumo de alimentos. “Durante esse período de Carnaval e em todos os períodos festivos, a gente acaba se expondo mais à alimentação fora de casa, o que aumenta o risco de intoxicações alimentares e também de deficiências nutricionais, porque a gente não se alimenta corretamente”, alerta.
A especialista elenca alguns cuidados necessários, como: observar a prática de manipulação e a procedência dos alimentos; observar o ambiente no qual está sendo refrigerado e acondicionado aquele alimento, pois é necessário se precaver das bactérias patogênicas; observar se os alimentos e bebidas estão, realmente, refrigerados, para garantir que estejam abaixo de 8 grau (essas bactérias se proliferam em temperaturas entre 8 e 60 graus).
“Evitar, também, os alimentos crus, como, por exemplo, maioneses caseiras, que são feitas com ovos crus, por conta de salmonella. Carne muito mal passada é importante a gente também ter cautela, por conta dessas bactérias patogênicas, além dos frutos do mar. A gente tem que ter bastante cuidado com esses alimentos nesse momento, porque o excesso de calor, principalmente no verão, traz uma predisposição maior a essas bactérias se proliferarem”, orienta.
O consumo deste tipo de alimento, segundo a especialista, pode resultar em infecções gastrointestinais, com risco de desidratação severa e de complicações sistêmicas. “A gente tem que ter bastante cuidado com a higiene dos locais de venda que a gente está se submetendo; olhar se a pessoa está usando luva, touca, mantendo os alimentos protegidos, evitando contato com o ar, e em refrigeração ou em aquecimento”, aponta a profissional.
Para garantir segurança alimentar, uma sugestão ainda é desconfiar sempre de mudanças de cor, odor ou textura dos alimentos, que podem indicar alteração microbiológica. Hábitos como o de lavar sempre as mãos, evitar o contato de mão suja com o alimento, são fundamentais, mesmo durante as festas.
Evitar o jejum prolongado é uma recomendação importante, especialmente para hipoglicemia. Além disso, Dias alerta os foliões para a necessidade de beber bastante água, pois, segundo ela, a desidratação é um dos principais riscos durante essas festas prolongadas, especialmente em Salvador, onde o calor é mais intenso.
“A gente tem que ter muito cuidado com o álcool, porque muita gente pensa que está tomando uma cerveja e está se hidratando, quando, na verdade, está desidratando. E a população deve ter bastante cuidado com a exposição ao calor prolongada. Então, para a gente manter esse equilíbrio hidroeletrolítico, a gente tem que ter alguns cuidados, como, por exemplo, beber a quantidade de dois a três litros de água, sempre aumentando conforme a exposição ao calor”, destaca.
Uma dica é intercalar uma dose, por exemplo, de bebida alcóolica com dose de água, pois o efeito diurético do álcool pode agravar os sintomas de desidratação e pode causar dor de cabeça e fadiga prolongada. Quem apresenta sintomas assim pode estar em desequilíbrio eletrolítico e, conforme a nutricionista, o consumo de água de coco e sucos naturais é recomendado.
Por fim, uma dieta rica em alimentos saudáveis, bem assados ou cozidos, além de frutas é o segredo para um Carnaval sem surpresas indesejáveis. Para enfrentar a maratona de sete dias de folia, a nutricionista Carolina Dias dá dicas, como: priorizar carboidratos de baixo índice glicêmico, como o arroz integral e cereais, que fornecem energia de maneira gradual e sustentada.
Dias recomenda ainda evitar alimentos com alta carga glicêmica, que trazem uma excelente saciedade no momento, mas podem causar, a longo prazo, hipoglicemia. “Também consumir proteínas de cortes magros, como frango, ovos, peixes, por exemplo, que vão manter a saciedade a longo prazo e facilitar também na recuperação muscular. Incluir boas fontes de gorduras, como as castanhas, o azeite de oliva, o abacate, além das frutas, como a melancia, o abacaxi e o melão”, indica a especialista.
Fonte: Tribuna da Bahia
Foto: Bruno Concha / Secom