sexta-feira | 27.12 | 10:10 AM

Avião da Embraer pode ter sido derrubado por míssil russo

Aeronave que caiu no Cazaquistão pode ter sido atingida pela defesa aérea russa. Moscou refuta suspeitas. Queda matou 38 pessoas.

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O avião de passageiros operado pela companhia Azerbaijan Airlines (AZAL) e fabricado pela Embraer cuja queda no Cazaquistão causou a morte de 38 pessoas na quarta-feira (25/12) pode ter sido atingido por um míssil antiaéreo russo, disseram fontes do governo do Azerbaijão ouvidas pelas agências EFE e Reuters, sob condição de anonimato.

De acordo com as fontes, a aeronave, que havia decolado em Baku, no Azerbaijão, teria sido atingida por estilhaços de um míssil terra-ar quando estava no espaço aéreo da cidade de Grozny, na Rússia, onde pousaria.

Elas também afirmaram que autoridades locais não permitiram o pouso de emergência solicitado pelos pilotos do avião, modelo E190 da Embraer, em aeroportos russos e o desviaram em direção à cidade de Aktau, no Cazaquistão. A aeronave teve então sobrevoar as águas do Mar Cáspio.

De acordo com a agência de notícias azerbajani Caliber.Az, o míssil usado contra o avião teria sido um Pantsir-S.

A agência informou, ainda, que fontes da Rússia reconheceram que as defesas antiaéreas do país estavam tentando abater drones ucranianos nos céus da república russa da Chechênia, cuja capital é Grozny. Nas últimas semanas, drones ucranianos atacaram vários locais na Chechênia, incluindo uma instalação que abriga as forças policiais.

O Embraer 190 saiu de Baku antes do amanhecer com 62 passageiros e cinco tripulantes. O curto voo para Grozny, a noroeste, aparentemente não teve problemas durante meia hora, quando a aeronave “encontrou uma interferência significativa no GPS”, de acordo com o Flightradar24, um site que rastreia o tráfego aéreo em todo o mundo.

O Flightradar24 disse que, até cerca de 20 minutos antes do acidente, às vezes não recebeu nenhum dado do avião e, em outras ocasiões, recebeu dados nos quais os detalhes sobre sua posição estavam ausentes ou imprecisos.

“A aeronave foi exposta a interferência e falsificação de GPS perto de Grozny”, apontou o Flightradar24. Embora seja improvável que essas medidas tenham causado o acidente, elas são sinais de que os esforços de defesa contra um ataque de drones estavam em andamento no solo.

Um passageiro sobrevivente disse ao canal estatal russo RT que a aeronave fez três tentativas de aterrissar em Grozny e que na terceira aproximação “algo explodiu…. Eu não diria que foi dentro do avião” e que um pedaço de estilhaço voou entre suas pernas e perfurou um colete salva-vidas.

Rússia refuta “conclusões precipitadas”

Mais cedo, o governo russo pediu que não sejam tiradas “conclusões precipitadas” sobre a causa da queda do avião da companhia AZAL, ao comentar as suspeitas de que a aeronave pode ter sido atacada. “Devemos esperar pelo fim da investigação”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

O presidente do Senado do Cazaquistão, Maulen Ashibayev, também pediu nesta quinta-feira que não se tirem conclusões precipitadas sobre as causas do incidente, em referência a imagens dos destroços da fuselagem do avião que mostrariam danos causados por disparos.

“Essas são conjecturas, afirmações infundadas”, disse o senador a um grupo de jornalistas. “Os verdadeiros especialistas estão investigando e chegarão às suas conclusões. Nem o Cazaquistão, nem a Rússia, nem o Azerbaijão têm qualquer interesse em ocultar informação”, declarou, citado pela agência oficial russa TASS.

As primeiras possíveis causas cogitadas pelas autoridades do Cazaquistão e da Rússsia sobre o desastre aéreo foram a colisão da aeronave com um bando de pássaros e a explosão de um balão de oxigênio a bordo.

Porém, começaram a se espalhar em redes sociais imagens da fuselagem do avião que mostrariam impactos de estilhaços condizentes com o uso de defesas aéreas.

A Ucrânia, por sua vez, acusou a Rússia de ter abatido o avião da AZAL. “A explosão de um míssil de defesa aérea danificou o avião e desativou os seus sistemas”, disse o chefe do Centro de Combate à Desinformação do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Andri Kovalenko.

Segundo Kovalenko, os buracos na fuselagem do avião vistos nas fotografias registradas por passageiros não podem ter sido causados por pássaros. “A Rússia devia ter fechado o espaço aéreo sobre Grozny, mas não o fez”, disse Kovalenko, referindo-se aos riscos criados pelo ataque de drones que estava ocorrendo na altura cidade chechena. “O avião foi danificado pelos russos e enviado para o Cazaquistão, em vez de fazer uma aterrisagem de emergência em Grozny e salvar vidas”, acusou Kovalenko.

Um blogueiro e especialista militar russo, Yuri Podoliaka, também disse no Telegram que os buracos visíveis na fuselagem do avião eram semelhantes aos que poderiam ser causados por “um sistema de mísseis antiaéreos”.

A AZAL anunciou ontem a suspensão de todos os voos para as cidades russas de Grozny e Makhachkala até que as causas da tragédia sejam esclarecidas.

Peritos brasileiros vão participar de investigação

Peritos brasileiros chegarão amanhã ao Cazaquistão para participar da investigação sobre a queda do avião, fabricado pela Embraer, informou nesta quinta-feira o governo cazaque.

“Amanhã (sexta-feira) devem chegar representantes das autoridades aeronáuticas brasileiras e da Embraer”, informou a assessoria de imprensa do governo cazaque, que também disse que peritos do país e do Azerbaijão também participam da investigação.

Das 67 pessoas a bordo, 38 morreram e 29 ficaram feridas, algumas delas em estado grave, de acordo com fontes oficiais.

As acusações em relação à queda do avião trouxeram também memórias do voo MH17 da Malaysia Airlines que foi abatido sobre o leste da Ucrânia em 2014, matando 298 pessoas. Uma investigação internacional apontou que um míssil antiaéreo lançado por forças russas causou a queda. Moscou refutou as acusações.

 

Fonte: Band.com.br

Foto: Reuters