terça-feira | 29.04 | 6:28 PM

Berlim libera topless em piscinas públicas para mulheres e pessoas não binárias, destaca CNN

A prática de permitir o topless em piscinas públicas já havia sido adotada em 2022 pela cidade de Göttingen, no centro da Alemanha

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As mulheres em Berlim agora podem nadar de topless nas piscinas públicas da cidade, se desejarem, assim como os homens. A medida, anunciada nesta semana, foi destacada pela CNN como um avanço importante para a igualdade de gênero na capital alemã e também como reflexo da tradicional Freikoerperkultur (FKK) — a “cultura do corpo livre” — que tem raízes no final do século XIX.

A decisão foi motivada por uma denúncia apresentada por uma nadadora em dezembro de 2022, após ter sido impedida de frequentar uma piscina pública sem cobrir os seios. Após análise, as autoridades de Berlim reconheceram que a mulher foi vítima de discriminação e determinaram que, a partir de agora, todas as pessoas — mulheres e indivíduos não binários — poderão permanecer topless nas piscinas da cidade.

Essa não foi a primeira situação que levou ao debate. Em 2021, a francesa Gabrielle Lebreton foi expulsa de um parque aquático por se recusar a cobrir o peito enquanto acompanhava seu filho pequeno. Na época, ela afirmou ao jornal Die Zeit que considerava a medida discriminatória: “Tanto para homens quanto para mulheres, o seio é uma característica sexual secundária, mas os homens têm a liberdade de se despir quando está calor, e as mulheres, não”.

O governo estadual confirmou a mudança em nota oficial, ressaltando que os regulamentos dos estabelecimentos balneários passarão a ser aplicados de forma igualitária entre os gêneros.

A prática de permitir o topless em piscinas públicas já havia sido adotada em 2022 pela cidade de Göttingen, no centro da Alemanha, também após uma controvérsia envolvendo identidade de gênero.

Além de ser um gesto em favor da igualdade, a mudança destaca a tradição alemã de encarar a nudez com naturalidade. A cultura FKK promove, desde o final do século XIX, a valorização da saúde física e mental através da nudez em ambientes ao ar livre, sem sexualizar os corpos.

Segundo o professor Keon West, da Universidade de Londres, ouvido pela CNN, a Alemanha se destaca por ter uma relação mais tranquila e naturalizada com a nudez em comparação com países como Reino Unido e Estados Unidos. “Na Alemanha, pessoas nuas em espaços públicos não são automaticamente vistas como perigosas ou desviantes”, explicou.

A cultura do nudismo alemão tem origem em campanhas de saúde pública e se consolidou no início do século XX, com a criação da primeira praia de nudismo em Sylt e o primeiro congresso internacional de nudismo, realizado em Berlim. Apesar de ter sofrido repressão durante o regime nazista, o movimento resistiu e cresceu especialmente na Alemanha Oriental.

Atualmente, a tradição segue viva: cerca de 600 mil alemães estão associados a mais de 300 clubes privados de nudismo no país, além de outros afiliados na Áustria.