Você já ouviu a expressão “Nada se cria, tudo se copia”? No mundo da música, essa máxima muitas vezes se revela real — e, infelizmente, artistas brasileiros não estão imunes aos ecos (ou cópias) do sucesso. Em diversos momentos, faixas consagradas no Brasil atravessaram o oceano não como homenagens, mas como “inspiração” para hits internacionais que, em muitos casos, renderam lucros milionários para músicos estrangeiros — enquanto artistas nacionais buscavam reconhecimento ou até justiça nos tribunais.
Conheça cinco casos emblemáticos de músicas brasileiras que foram, direta ou indiretamente, plagiadas por artistas internacionais:
1. Jorge Ben Jor x Rod Stewart
A icônica “Taj Mahal”, lançada por Jorge Ben Jor em 1976, serviu de base — ainda que não assumida de imediato — para o sucesso “Da Ya Think I’m Sexy?”, de Rod Stewart, em 1978. O britânico esteve no Brasil durante o carnaval daquele ano, quando a música estava em alta nas rádios. Após a acusação de plágio, Stewart alegou ter copiado “inconscientemente” e chegou a um acordo com Ben Jor, doando os lucros da faixa para a UNICEF.
2. Toninho Geraes x Adele
O compositor Toninho Geraes alega que a melodia de sua música “Mulheres”, eternizada por Martinho da Vila em 1995, foi copiada por Adele na faixa “Million Years Ago”, de 2015. A semelhança gerou repercussão internacional, especialmente após vir à tona que o produtor Greg Kurstin, coautor da faixa da britânica, tem longa relação com a música brasileira. O caso ainda está em andamento, com notificações extrajudiciais enviadas às gravadoras envolvidas.
3. Luiz Bonfá x Gotye
O hit global “Somebody That I Used to Know”, de Gotye e Kimbra, lançado em 2011, teve como base instrumental um trecho da música “Seville”, composta por Luiz Bonfá na década de 1960. O próprio Gotye reconheceu a inspiração e, num gesto de reconhecimento tardio, destinou cerca de US$ 1 milhão em indenização à família do violonista brasileiro.
4. Vanusa x Black Sabbath
A roqueira Vanusa, em seu álbum de 1973, lançou a música “What To Do”, com riffs poderosos de guitarra. Coincidentemente (ou não), no mesmo ano, o Black Sabbath lançou “Sabbath Bloody Sabbath”, com riffs muito semelhantes. Embora nunca tenha havido ação judicial, fãs e estudiosos da música seguem debatendo as semelhanças até hoje.
5. Carlos Lyra x Deep Purple
A sofisticada “Maria Moita”, de Carlos Lyra e Vinícius de Moraes, lançada em 1964, traz um arranjo de sopros que, segundo alguns críticos, ecoa no riff de guitarra de “Smoke on the Water”, clássico do Deep Purple. Ritchie Blackmore, guitarrista da banda, afirma ter se inspirado na 5ª Sinfonia de Beethoven, mas o debate sobre a possível influência brasileira ainda paira sobre os acordes.
Esses casos mostram que o talento brasileiro atravessa fronteiras — ainda que, muitas vezes, sem o devido crédito. A discussão sobre apropriação, reconhecimento e justiça no meio musical segue mais atual do que nunca.