A CrochêFeira, uma iniciativa da Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ) em parceria com o Shopping Center Lapa, está com uma exposição variada de produtos no primeiro piso do centro de compras. Situada na Praça de Eventos, a exposição conta com seis expositoras vendendo artigos como roupas, saídas de praia, biquínis, acessórios para o lar, amigurumis (bonecos), brincos, bolsas e toalhas.
A exposição começou na segunda-feira (20) e vai até o dia 1º de fevereiro. Cada semana, até o dia 1º, seis mulheres comercializarão os seus produtos no local. A rotatividade permite dar espaço a novas empreendedoras. Além disso, as pessoas também vão poder se inscrever, a partir do dia 22, na plataforma Sympla, para ter aulas gratuitas de crochê. Será possível pesquisar na própria plataforma de compras de ingresso ou verificar o link, que será divulgado nas redes sociais da secretaria.
O objetivo da iniciativa, segundo a titular da SPMJ, Fernanda Lordêlo, é continuar fortalecendo o empreendedorismo feminino do projeto Expo Mulher em Salvador. “Queremos aproveitar esse período de verão, no qual temos muitos turistas na cidade, momento em que as pessoas estão circulando em todos os shoppings, estão andando pelo Centro. E todos os movimentos que nós estamos podendo realizar para esse fortalecimento, nós estamos fazendo. Estivemos na Ponta do Humaitá, vinculados à outra feira, juntamente com as mulheres da Expo Mulher, e nesse momento estamos no Center Lapa, valorizando o crochê das nossas empreendedoras e, claro, potencializando a Expo Mulher”, explicou.
Parceria – A diretora de Políticas para Mulheres da SPMJ, Fernanda Cerqueira, destacou que a pasta tem uma parceria muito forte e constante com o Center Lapa, tendo um cuidado especial com a pauta da mulher. “São ações como essa do crochê que colocam as mulheres na rua com essa visibilidade de vender os negócios criativos para a população. Começamos no Natal, com o empreendedorismo feminino na rua, e não paramos. Estivemos no projeto Vamos Ver o Pôr do Sol, no último fim de semana. Hoje já amanhecemos aqui no Center Lapa com essas empreendedoras, também convidando outras mulheres da cidade a aprender um ofício”, declarou.
Para a gerente de marketing do Center Lapa, Aline Ferraz, a ação integra outras iniciativas de valorização do público feminino e de combate à violência contra a mulher. “É uma técnica que dá para as mulheres uma liberdade financeira. O nosso calendário de ação é entender a mulher para além do mês de março, por isso temos essa parceria contínua com a Prefeitura, pois entendemos que todo dia é o dia da mulher e todo mês conseguirmos fazer alguma ação voltada para esse grupo”, afirma.
Geração de renda – Para Dinalva Santiago, uma das expositoras da CrochêFeira, o aprendizado do crochê foi uma importante ferramenta contra a depressão. “Eu comecei a vender mesmo há mais ou menos 20 anos, mesmo já tendo aprendido desde a minha adolescência. Eu tive uma depressão muito forte e busquei focar em alguma coisa para não ficar viciada em remédios para dormir, então foquei no crochê e nas feiras de rua. A partir daí comecei a vender e hoje é também um complemento para a minha renda. Eu gosto de participar, me distraio, é uma terapia para mim. Os produtos que eu mais vendo hoje são vestuários, como roupa de banho, saída de praia, biquínis e shorts”.
Ela também ressaltou a importância das feiras para o fortalecimento do negócio dela. “A maioria dos meus clientes é da rua. Eu participei da Vila Natalina no Centro Histórico e todos amaram. Alguns turistas comentaram que no ano passado estiveram no Centro Histórico e não tinham visto esses artigos. Então, a feira de rua é ótima. Eu gosto muito”.
Profissão – Priscila Mata, de 37 anos, gostou de estar comercializando as peças dela em um shopping do Centro. “Eu já apresentei o meu trabalho em outras feiras de rua, mas gostei muito de estar aqui em um shopping, no Centro da cidade, porque as pessoas param e apreciam mais. Eu acredito que a divulgação do trabalho também fica ampliada pelo prestígio que um centro de compras tem. Muitas vezes eu gravo aqui e posto no Instagram. As pessoas comentam: ‘Tá crescendo’, ‘O negócio dela está ficando importante’. E às vezes, quando a loja fica nessa vibe de crescimento, as pessoas querem mais, porque fica em evidência, então desenvolve bastante o trabalho, a loja cresce e ganha mais visibilidade”, opinou.
Ela contou que começou a fazer crochê com 11 anos, fazendo mochilas para ir para a escola e para sair, pois a mãe não tinha condições de comprar. “Eu comprava a linha e confeccionava para mim, para meu irmão, para meus primos, confeccionava para todo o mundo. Quando eu assumi a profissão e comecei a comercializar foi no período da pandemia, pois eu perdi o emprego. Naquele momento, eu comecei a lembrar dos meus talentos e pensei: ‘Vou começar a fazer’. Fiz uma peça aqui, outra ali. As pessoas começaram a ter interesse e a me pedir algumas peças. Fiz algumas especializações para me aperfeiçoar e desde 2019 eu vivo do crochê”, conta.
Sapatinhos e bonecos – Já Fernanda Domitilia, 40 anos, aprendeu a arte do crochê na gravidez, após ganhar um sapatinho para o bebê. “Eu tive a curiosidade de saber como fazia, pesquisei na internet e comecei a fazer para a minha filha. Depois comecei a dar de presente e a vender. Aos poucos, uma foi indicando para a outra e eu vi uma oportunidade de negócio, fui me especializando, fazendo alguns cursos tanto na área do crochê como na área de vendas”.
Ela conta que vende o amigurumi, que são bonequinhos de crochê super em alta para os bebês e as crianças, mas que os produtos que mais saem são os tradicionais sapatinhos. “São feitos com linha 100% algodão, não machucam, não apertam, acompanham o crescimento do pezinho do bebê. Meu carro-chefe são os sapatinhos, mas hoje eu faço também os bonecos. Hoje eu só trabalho com o crochê e divulgo o meu trabalho nas redes sociais. Além disso, faço questão de participar das feiras, pois são uma ótima iniciativa para a divulgação do nosso trabalho”.
Cram Itinerante – Além da comercialização dos produtos em crochê, a SPMJ está realizando no local o Cram Itinerante, sigla em referência aos Centros de Referência de Atenção à Mulher da capital baiana, levando informações importantes para a erradicação da violência contra a mulher.
“Fazemos um trabalho de proteção e de prevenção à violência doméstica, por isso hoje estamos aqui para conversar com as mulheres sobre o tema, apresentando os centros de referência que temos em Salvador para prestar atendimento psicológico, jurídico e social para essas mulheres. Além disso, trabalhamos com o Alerta Salvador e com o violentrômetro, por meio do qual conseguimos ilustrar como identificar as violências”, conta a psicóloga Fátima Rodrigues, que atua no espaço com a divulgação das políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher desenvolvidas pela Prefeitura de Salvador.
Expo Mulher – A feira Expo Mulher está vinculada ao projeto Compre Delas (https://compredelas.salvador.ba.gov.br), uma plataforma criada pela SPMJ durante o Agosto Lilás para a exposição de produtos e serviços produzidos por mulheres, com o objetivo de fortalecer a autonomia do público feminino para que as mulheres possam sair do ciclo de violência. A SPMJ promove frequentemente cursos e o fomento ao empreendedorismo para gerar independência financeira e social das mulheres.