Estudantes baianos trabalham em um projeto que visa transformar resíduos orgânicos de pescados em ração animal e gerar renda extra para trabalhadores do Porto das Sardinhas, localizado no bairro de São João do Cabrito, em Salvador. Em visita técnica feita ao local, Pablo Santos, Júlia Ferreira e Yasmin Arruda analisaram o cotidiano dos trabalhadores do local, os valores que conseguiam ganhar através da atividade, bem como a maneira como descartavam resíduos, e deram os primeiros passos para desenvolver a ideia. A proposta é utilizar resíduos orgânicos dos pescados que eram descartados.
Segundo Pablo, a ração desenvolvida por eles pode ser inserida tanto no mundo pet, para caninos e felinos, quanto para a piscicultura. A pesquisa, que conta com orientação do professor Anderson Rodrigues, foi submetida à Feira Brasileira de Ciências e Engenharia. O evento é realizado na Universidade de São Paulo e busca fomentar o pensamento científico e inovador em jovens estudantes de escolas públicas e privadas.
Para desenvolver e executar o projeto, os estudantes contaram com apoio da Escola Sesi, do Senai Cimatec e da Cooperativa de Pescadores Baía de Todos-os-Santos. Após a coleta dos resíduos no Porto das Sardinhas, foi feita a pesagem, dessecagem, peneiração para separar os elementos sólidos, análise bioquímica e estruturação que, por fim, resultou em uma farinha proteica. Entre os principais desafios encontrados pela equipe, está a logística para recolhimento dos resíduos pela indústria.
“Aqui em Salvador não tem indústria de ração animal. Nós identificamos uma em Vitória da Conquista, no sudoeste do estado, e outra na Paraíba. Então tem essa questão da distância, porque você vir para Salvador buscar os resíduos e depois voltar para Vitória da Conquista ou ir para Paraíba é, de fato, um custo de logística”, explicou Anderson.
Diante desse cenário, o orientador destacou a necessidade de atrair a indústria de ração animal para a capital baiana, tendo em vista o grande potencial econômico da pesca na cidade. “Há uma necessidade de investir, de atrair, de dar subsídios às indústrias para que elas venham para Salvador. Isso fortalece a indústria de pescados e trará benefícios para o nosso estado (…) Eles desenvolveram algo que é significativo socialmente e que pode ajudar mudar a vida das pessoas, de fato. Não tem como a gente não se encantar”, afirmou.