Seja um cachorro, gato, papagaio, periquito ou tartaruga, os animais de estimação possuem um lugar especial na família, pelo menos após a mudança da percepção social do papel do pet na família, foi desde a condição de utilidade até integrante da família. Mas, e o luto? É válido sofrer pela perda do que alguns definem como ‘apenas um animal’?
Mesmo que digam que é “só comprar outro”, tal tentativa de gerar distanciamento a fim de ignorar o sentimento da perda não é algo saudável. Para a psicóloga Laís Villas Boas, amor e luto são duas faces de uma mesma moeda. “O luto é um processo que a gente vivencia sempre que a gente vive uma ruptura de vínculo significativo. É por isso que um animal de estimação do ponto de vista emocional, [está] totalmente incluído nessa dinâmica tanto de vínculo como de possibilidade de processo de luto”, detalhou no Estação Pet, programa do Vozes da Estação.
Luto é individual e válido
A psicóloga ainda explica ao longo do programa, que a relação tutor e animal pode configurar como base segura ao ponto de proporcionar sensações de acolhimento, segurança, tornando o sentimento de perda válido e necessário. “Infelizmente, eu acho que é quase impossível falar de lutos e perdas dos pet’s sem falar de […] lutos não reconhecidos. Essa é uma experiência de perda que pode ser invalidada, principalmente pelo meio social […] que considerem essa perda menor e isso trazer um a mais de sofrimento pra quem tá vivendo essa experiência de perda.”, ressaltou.
Por se tratar de um animal que ainda enfrenta atualizações conceituais por parte da sociedade, Lais Villas Boas fala que às vezes, a resistência ou surpresa pela dor do luto vem do próprio tutor. “Eu já estive com pessoas, em relação e em atendimento, que dizem isso: ‘Lais, eu não sabia que essa perda ia doer tanto. Ia mexer tanto comigo.’ Até o lugar que o animal ocupa faz muita diferença! […] Então às vezes o não reconhecimento desse luto pega até os próprios enlutados de surpresa em relação ao tamanho da importância que aquele animal alcançou na própria vida, o tamanho da dor que aquele tutor está sentindo.”, comentou.
“A gente ainda precisa muito, tanto do ponto de vista social tanto quanto do ponto de vista da clínica, dos atendimentos, em alguns momentos dizer para essas pessoas que essas perdas são válidas, que elas são importantes, que elas são significativas”, disse a psicóloga.
Confira a entrevista completa ao clicar aqui.
Por Ana Raquel Barreto