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Obesidade: taxa cresce 89% em adultos na Bahia

Estado lidera ranking nacional da enfermidade que gera impactos na saúde

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Aos seis anos de idade eram 52 kg, aos 18 eram 90kg distribuídos no corpo de um jovem de 1,60m, com uma deficiência em ambas as pernas. Para o nutricionista e metroviário, Antonio Paulo Arangio, 31, a obesidade é uma doença que o acompanhou a maior parte da vida. Ao ponto de culminar nos 102 kg antes de realizar um processo de redução do estômago, a cirurgia bariátrica, para combater a enfermidade. O caso de Antonio Paulo não é uma exceção. Neste Dia Nacional de Prevenção da Obesidade – 11 de outubro -, o que chama atenção é o crescimento da obesidade na população adulta da Bahia.

Quando comparada de janeiro a agosto de 2023 e 2024 – último mês em que os registros deste ano foram computados até agora -, o crescimento da taxa de obesidade foi de 89% nos adultos do estado, de acordo com dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). Já a cirurgia bariátrica, que é uma das alternativas para tratar a enfermidade, foi realizada por apenas 0,097% dos brasileiros elegíveis para a operação em 2023, conforme informações da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).

A coordenadora de obesidade do Centro de Referência Estadual para Assistência ao Diabetes e Endocrinologia (CEDEBA), Teresa Arruti, conta que a obesidade é a causadora de várias outras doenças e por isso seu combate é tão importante. “Maior causa de diabetes tipo 2, causa hipertensão, comorbidades e outras. A preocupação com a obesidade não é estética, é uma preocupação de tudo que ela traz consigo. É importante que seja tratada e evitada para prevenir outras doenças e por uma melhor qualidade de vida”, comenta. Ela explica ainda que a obesidade é uma enfermidade multifatorial relacionada com a hereditariedade, meio ambiente e até o aspecto emocional.

Impactos na saúde

Por conta dos riscos relacionados à diabetes, o cirurgião bariátrico, Marcos Leão reforça a importância da cirurgia bariátrica. Em 2023 foram realizadas 80.441 cirurgias bariátricas no país, sendo que 8.239.871 milhões de pessoas teriam indicação. Com diabetes, problema respiratório, pressão alta e uma série de outras doenças relacionadas à obesidade, a esteticista Luana Castelo decidiu fazer a bariátrica por indicação de seu médico. ”Hoje me sinto bem, mudou tudo na minha vida. Até pra colocar o sapato quem colocava era meu esposo, porque quando me abaixava já vinha passando mal”, conta.

Já Antonio antes de realizar a cirurgia chegou a ter um melhor controle sobre sua saúde e seu peso – ao ponto de emagrecer 30 kg -, mas por conta da rotina corrida que atrapalhou os exercícios e a alimentação equilibrada, em conjunto com o abalo emocional pela morte de seu pai, voltou a obesidade ao ponto de afetar seu trabalho de nutricionista. “Deixei de atender. Tomei um baque quando atendi uma paciente online e ela viu meu estado e deixou o acompanhamento que eu fazia. Aquilo foi um baque pra mim”, comenta.

Foi após um exame de rotina que um cardiologista sugeriu a opção da bariátrica para Antonio. Mesmo com medo da cirurgia e após meses de pesquisa, o nutricionista fez a operação no dia 03 de outubro. Passados pouco mais de um ano, Antonio perdeu 37 quilos, foi de 102 para 65. “Hoje me sinto vivo de novo, me sinto bem comigo mesmo”, afirma. Ele reforça que o resultado é fruto da operação em conjunto com uma alimentação adequada e exercício físico.

A maior dificuldade para a realização do procedimento, segundo Marcos, é a falta de acesso da população. “É o acesso. As instituições que fazem a operação pelo SUS são poucas. E as que fazem, fazem em número pequeno. Falta de acesso e serviços preparados”, afirma. Das 80.441 cirurgias bariátricas no país, foram 7.570 cirurgias pelo SUS, conforme o DATASUS, 3.830 cirurgias particulares e outras 69.041 cirurgias pelos planos de saúde, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O volume de operações foi apenas 3,8% maior quando comparado com 2022, quando foram feitas 65.256 cirurgias bariátricas.

Fonte: A Tarde