O time treinado pelo técnico Pep Guardiola, oito vezes campeão inglês desde 2012, incluindo as últimas quatro temporadas, e campeão da Liga dos Campeões da Europa em 2023, pode ter sua hegemonia interrompida se forem encontradas as provas contra o clube.
Seis anos depois do início da investigação da Premier League e 19 meses desde que foram apresentadas 115 acusações, uma audiência que começa nesta segunda-feira decidirá o destino do City.
Um painel independente vai analisar as evidências durante pelo menos dois meses e é pouco provável que haja um veredito até janeiro ou fevereiro de 2025 para o que a imprensa inglesa chamou de “o julgamento do século” no esporte britânico.
Depois de preparar seu dossiê de acusação, a Premier League enviou o clube em fevereiro de 2023 a uma comissão independente, que está analisando o assunto para poder preparar a audiência de ambas as partes, que será a portas fechadas e em local desconhecido.
O Manchester City é acusado de ter driblado as normas financeiras da liga inglesa depois de ter sido comprado em 2008 pelo consórcio Abu Dhabi United Group (ADUG), dos Emirados Árabes Unidos, que permitiu ao clube conquistar oito de seus 16 títulos do Campeonato Inglês.
O ADUG é suspeito de ter investido massivamente, além dos limites impostos, fazendo seu dinheiro circular através da Etihad Airways, companhia aérea patrocinadora do clube, que aparece no uniforme da equipe e dá nome a seu estádio.
As investigações levantaram suspeitas de que o City pagou partes de salários não declaradas ao técnico italiano Roberto Mancini, que passou pelo clube entre 2009 e 2013, e vários jogadores.
O Manchester City também tem que responder às supostas violações do ‘fair-play’ financeiro da Uefa (período 2013-2018) e da Premier League (2015-2018). No total, o clube tem 115 acusações contra: 80 infrações financeiras (2009-2018) e 35 suplementares pela suposta falta de cooperação com a investigação.
As punições, se ocorrerem, podem ir desde uma retirada de pontos até a exclusão da equipe do Campeonato Inglês, que o City venceu seis vezes nas últimas sete temporadas.
A comissão também pode advertir o clube e não impor sanções, pedindo simplesmente que o Manchester City tome medidas corretivas em um prazo determinado. Everton e Nottingham Forest perderam pontos na temporada passada por infringirem as regras de arrecadação e sustentabilidade financeira.
Futuro de Guardiola
Uma condenação pode ser o fim do glorioso reinado de Pep Guardiola à frente dos ‘Citizens’. O técnico espanhol, que está em seu último ano de contrato, apoia firmemente a diretoria do clube, embora tenha dito anteriormente que deixaria o cargo se a mesma não tivesse sido honesta com ele.
“Se mentirem para mim, no dia seguinte não estarei aqui”, disse Guardiola em 2022.
As punições severas também gerariam dúvidas sobre o futuro do elenco estrelado do City, incluindo o atacante norueguês Erling Haaland.
Outros clubes podem reivindicar os títulos conquistados pelo City e uma indenização, caso seja comprovado que o clube de Manchester obteve vantagens por meios ilegais ou antidesportivos.
Caso o City receba algum tipo de punição, será criada uma comissão de apelação, embora não seja aceita a possibilidade de um recurso ser apresentado no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS). O TAS anulou suspensão de dois anos válida para todas as competições europeias imposta ao Manchester City em 2020 pelo não cumprimento das regras de ‘fair-play’ financeiro da Uefa.