domingo | 22.12 | 3:03 AM

Bahia já registrou mais de 123 mil golpes e fraudes digitais até março

Serasa Experian alerta que evidente aumento de fraudes exige das empresas mais proteção nas operações

0Comentário(s)

Ao abrir um e-mail no dia 10 de maio, a pedagoga e jornalista Carla Aragão não viu nada de estranho na mensagem ou na conta de sua operadora de internet e TV a cabo. O valor de R$290,87 era R$50 mais caro do que normalmente ela paga pelo serviço, “mas achei que minha filha havia pego algo extra na TV ou que era uma cobrança indevida que eu poderia corrigir depois, então paguei a conta”, lembra. Porém, dias depois, ela descobriu que estava sem internet e TV em casa, e ao ligar para a operadora, a resposta foi: “A fatura de maio não foi paga”.

A atendente da operadora disse que poderia ser um caso de fraude, mas que não havia nada que pudesse fazer. Carla então recebeu uma nova fatura, essa no valor de R$344,31, onde consta inúmeras assinaturas de streamings e outros serviços, “nenhum deles pedidos por mim ou minha família, mas que precisei pagar para ter internet em casa. Agora estou tentando reaver meu dinheiro através da operadora, o que tem sido muito demorado e cansativo, porque elas não assumem qualquer responsabilidade sobre a segurança que deveriam ter com nossos dados. Meu próximo passo será falar com a Anatel”, explica.

 

Atenção

Casos como o de Carla, assim como pedidos de empréstimos e cartões, locação de veículos, pedidos de linhas telefônicas… São alguns dos motivos por trás das 468.086 tentativas de fraude de identidade na Bahia em 2023, apontam dados do Serasa Experian. Apenas de janeiro a março de 2024, houveram outras 123.758 tentativas no estado e esses números não parecem que vão diminuir. “E com o evidente aumento dos casos, torna-se ainda mais necessário que as empresas se conscientizem da importância da proteção em camadas”, explica o diretor de autenticação e prevenção à fraude da Serasa Experian, Caio Rocha.

Essa proteção consiste em combinar diversas tecnologias para autenticar os usuários, seja pela autenticação do dispositivo (em caso de acesso via aplicativos e web), prova de vida, biometria facial, geolocalização e assim por diante. “Hoje estamos aperfeiçoando cada vez mais as nossas tecnologias para poder criar essas barreiras de segurança e descobrir rapidamente as fraudes, já que os golpistas estão cada vez mais criativos”, aponta o diretor de tecnologia da Pixtopay, Daniel Menegasso.

 

Cenário

A Pixtopay, uma empresa de soluções financeiras digitais com sede no Brasil e com atuação em 18 países das Américas, Europa e África, registrou um crescimento de 400% do número de casos de fraude de dezembro de 2023 até maio deste ano. “Uma das formas mais comuns dos criminosos alcançarem essas vítimas é através de mensagens e ligações onde fingem ser do banco e dizem que os dados precisam ser atualizados, Eles parecem ter todos os dados e as pessoas acabam acreditando”, explica o diretor.

Por isso, todo o cuidado é pouco. Ao receber uma mensagem, ligação ou mesmo email de uma cobrança ou oportunidade boa demais, desconfie e telefone para o banco ou empresa. Recebeu a fatura por email? Confira o valor no aplicativo. E nunca esqueça: nenhum banco liga para você para pedir informações. “O acesso fácil à informações pessoais e documentos, assim como aplicativos de mudança de rosto e clonagem de voz, facilitam muito o acesso dos criminosos e os ajuda a convencer as vítimas”, explica a advogada e presidente da Comissão Permanente de Tecnologia e Informação da OAB, Tamíride Monteiro.

E ainda que encontrar esses criminosos possa ser difícil, a Lei é severa, aponta a advogada, ressaltando que tais meliantes “podem ser incriminados por falsidade ideológica e estelionato”. Os golpes e fraudes são muitos, assim como suas punições: nos casos de falsa identidade (atribuir falsa identidade para obter vantagem ou causar dano) a detenção pode ser de até um ano e multa; falsidade ideológica (criação ou adulteração de documento para obter vantagem ou prejudicar alguém) até cinco anos de detenção e estelionato (enganar uma pessoa para obter algum tipo de vantagem, na maioria da vezes em dinheiro) até cinco anos se for comum, e de quatro a oito anos se a fraude for eletrônica.

Caso perceba que foi vítima de algum golpe, entre em contato com o banco ou empresa responsável e com os órgãos que as monitoram. Outra opção é registrar uma denúncia na Polícia Civil através do número 197, assim como se informar melhor sobre como proceder com um advogado.

Fonte: